A fibra de cânhamo industrial é melhor do que a madeira em todos os aspetos

O cânhamo sempre foi um recurso natural melhor do que as árvores. Mas como o cânhamo não foi considerado legal na maior parte do mundo nos últimos 80 anos, jamais pôde competir em pé de igualdade com a madeira ou com qualquer outra fibra natural.

Com 30 anos de experiência no processamento e otimização da madeira, fiquei vinculado ao cânhamo quando soube que a fibra liberiana do caule é 10 vezes mais forte do que a fibra Douglas Fir, a fibra de madeira macia mais usada na construção norte-americana. Descobrir uma solução própria e automatizada que permitisse à CIHC tornar-se um processador de fibra de cânhamo de baixo custo e de alto rendimento fez-me imediatamente todo o sentido.

Em relação à qualidade e desempenho, a fibra de cânhamo é provavelmente a mais forte e resistente na natureza. Além de ser 10 vezes mais forte do que a fibra de madeira, o cânhamo é quatro vezes mais forte do que o algodão.

O processamento do cânhamo industrial é mais leve e menos caro do que a madeira. Meio hectare de cânhamo plantado durante 40 anos produz 400% mais fibra utilizável do que meio hectare de árvores durante o seu ciclo de vida de 40 anos. O cânhamo é a fonte de biomassa mais eficiente do mundo. Em menos de 91 dias, a planta consegue gerar talo até à fase em que as suas fibras contêm todo o seu teor de CO2, ficando prontas para serem processadas.

Cada vez mais publicações científicas sublinham outros traços importantes no cânhamo: elevadas propriedades de absorção, capacidade de proteção contra as radiações IV e UV e baixa inflamabilidade natural. Há também novos e promissores testes que indicam propriedades naturais anti-bacterianas nas fibras de cânhamo, que se acredita resultarem de alcaloides, canabinóides e outros compostos bioativos ou fenólicos.

Amigo do planeta

O cânhamo é também uma atrativa oportunidade de investimento para empresas que procuram uma forma eficaz de “descarbonizar” os seus ativos – ou seja, diminuir as suas emissões de carbono. Dada a forte capacidade de armazenamento de carbono devido ao elevado teor de biomassa e baixos níveis de água necessários, o cânhamo é provavelmente a fibra mais sustentável.

As plantas de cânhamo têm uma capacidade singularmente elevada para extrair e conter CO2, muito acima das árvores. Segundo vários artigos científicos, meio hectare de uma estirpe comum de cânhamo pode absorver anualmente 8.88 toneladas de CO2, enquanto meio hectare de sequestradores de floresta consegue aproximadamente 2.5 toneladas – apenas cerca de 30% em comparação.

Mas há mais. A nossa investigação mostrou que as variedades de cânhamo cultivadas para fibra produzem normalmente até cinco vezes a biomassa do caule de “semente” restante – até 42 toneladas – e que o deslocamento de CO2 quando o cânhamo é substituído por matérias-primas tradicionais, em produtos finais como plástico, têxteis, aço, construção e outros, pode reduzir o CO2 em até 200 toneladas!

Apesar de a vida das plantas libertar oxigénio na atmosfera através da fotossíntese, este processo natural diminui à medida que elas envelhecem. É natural pensar que as árvores grandes, com uma área de folhas considerável, gerariam mais oxigénio, especialmente por estarem vivas muito mais tempo do que uma planta de cânhamo. Mas não é verdade. A capacidade de produzir oxigénio diminui nas árvores mais velhas e maiores. O cânhamo, por outro lado, é uma planta de crescimento rápido e grande, sendo colhida com apenas 12 semanas. Muito antes de “envelhecer”, a planta já está a bombear oxigénio a todo o vapor. Uma situação ideal para a agronomia de culturas partilhadas.

Verdadeiramente renovável

Os EUA apenas têm 5% de floresta virgem, por isso faz todo o sentido planear o futuro e proteger através do cultivo do cânhamo o que resta deste recurso outrora equilibrado. Podemos ajudar a recuperar esse equilíbrio vegetal, colhendo e transformando o cânhamo nas muitas aplicações celulósicas para as quais as árvores têm sido utilizadas desde que o papel à base de madeira substituiu o papel feito de cânhamo na década de 1930 em toda a América do Norte.

A celulose é o principal produto químico que permite acrescentar resistência ao papel e a outros produtos compostos como o aglomerado de partículas e o aglomerado de madeira. Com uma concentração de 72%, a liberiana de cânhamo tem uma maior concentração de celulose do que a madeira, que apenas garante 42%. Quanto mais celulose uma planta contém, menos químicos são necessários para fazer papel. A libriana de cânhamo tem o maior teor de celulose de todas as plantas.

O cânhamo não só cresce a um ritmo muito mais rápido do que as árvores, como o seu elevado teor de celulose possibilita um custo de conversão mais rápido mais baixo, sem exigir quantidades significativas de químicos tóxicos para o processamento da madeira.

Uma química melhor

O fabrico de papel a partir da madeira exige agentes poluentes como ácido sulfúrico, lixívia e cloro para remover a sua massa de fibras não celulósicas durante o processo de polpação. Por outro lado, as fibras de cânhamo podem ser branqueadas através do peróxido de hidrogénio, que não danifica quimicamente a água. Em comparação com a pasta de madeira, o papel feito com fibras de cânhamo resiste à decomposição e não amarela ou acastanha com o tempo.

A fibra de cânhamo pode ter um papel decisivo no comércio e desenvolvimento económico. Mas, mais importante do que isso, governos têm de compreender o potencial do cânhamo para curar o planeta e melhorar a saúde humana. À medida que a fibra de cânhamo se torna mais popular, o objetivo não é eliminar gradualmente outras fibras e substituí-las completamente por cânhamo. O lado interessante do “modelo de negócio do cânhamo” é que as sinergias com as capacidades industriais existentes são praticamente ilimitadas.

Ilimitadas. Com o cânhamo, sempre!