Desesperado para encontrar sementes certificadas que permitam plantar cânhamo com alto teor de CBD? A Europa é para esquecer. Os principiantes parecem deconhecer este segredo: não existem estirpes com alto teor de CDB registadas na base de dados de variedades vegetais da UE, e os cultivadores europeus não têm praticamente qualquer incentivo para desenvolver estas estirpes, pois o continente encontra-se restringido pela regra de 0.2% de teor de THC de referência na UE.
As variedades europeias de cânhamo são desenvolvidas e registadas em função do rendimento das sementes e/ou conteúdo das fibras – para serem vendidas aos setores que têm sido o alvo tradicional dos produtores europeus de cânhamo desde o renascimento da indústria em meados dos anos 90. Baixo THC significa baixo CBD.
Só nos últimos anos, com o crescimento acelerado do mercado global de CDB, é que os europeus começaram a olhar para o composto das suas cultivares certificadas. Mas, como o conteúdo de CDB é diretamente proporcional ao THC existente numa planta, o limite de 0.2 THC altamente restritivo da Europa significa que as plantas europeias têm um teor de CDB relativamente baixo.
É importante acrescentar que o centro das atenções na Europa está nas sementes e fibras, ou seja, os criadores do Velho Continente não têm motivação para criar e estabilizar o conteúdo de CDB nas suas produções. Existem algumas sementes com alto teor de CBD produzidas por bancos de sementes de marijuana. Mas são vendidas principalmente como artigos colecionáveis e as estirpes não passam por qualquer processo de aprovação por entidades externas. Como tal, não existem garantias quanto à quantidade ou qualidade geral em relação aos níveis de rendimento de CDB.
Ausência de incentivos financeiros
Apesar de algumas estirpes com elevado teor de CDB, cumpridoras das restrições europeias de THC, terem sido desenvolvidas nos EUA, a maioria dos produtores americanos não encaram o registo na UE como economicamente viável. Com cultivares a custar até $1 por semente individual, os criadores não querem estancar milhares de dólares em sementes no processo de registo na UE – que é moroso e dispendioso por si só, exigindo mais investimento do lado do cultivador.
Sucintamente, o investimento no desenvolvimento e/ou registo de estirpes com elevador teor de CBD, em conformidade com os standards de certificação da UE e as necessidades do mercado, não é um risco que os cultivadores de sementes estejam dispostos a incorrer, apesar dos lucros significativos que hoje podem ser retirados de produtos finalizados com CDB.
$450,500 por hectare?
Se acredita no atual frenesim, o CDB é uma proposta bastante lucrativa: as cultivares europeias com 1%-3% de CBD podem render quase $37,500 por hectare, segundo algumas estimativas americanas e canadianas.
Com um teor de CDB na casa dos 6%, este valor aumenta para quase $225,000/ha. Com 12%, é quase $450,000/ha. E existem algumas estirpes no mercado cujos produtores afirmam atingir até 18%. Faça as contas.
Do lado da procura, a situação atual faz com que alguns agricultores de cânhamo atuem como “produtores de marijuana”, comprando e plantando sementes não certificadas com alto teor de CBD e recorrendo a operações clandestinas para cultivar cânhamo, uma jogada competitiva no atual mercado de CDB marcado pelo rápido crescimento.
Onde arranjar estas sementes?
Para se manterem competitivos, os produtores suíços, americanos, canadianos e chineses estão à procura destas sementes não certificadas, mas com maior rendimento de CBD – como dito acima, normalmente são obtidas juntos de produtores de “marijuana” ou de bancos de sementes –, fontes que habitualmente não se responsabilizam pelo que é produzido ou pelo rendimento obtido. Muitas vezes, são híbridos ou “tipos” de híbridos não estabilizados.
Embora alguns destes vendedores sejam de “confiança”, muitos outros simplesmente aproveitam esta oportunidade lucrativa, vendendo sementes com origem e valor duvidosos.
E como fica a Europa nesta fotografia?
Agora que o CBD se está a tornar “mainstream”, com lucros para produtores de todo o mundo, a falta de variedades disponíveis, de esquemas de reprodução ou de espaço regulamentar na Europa para a produção de variedades com alto teor de CBD continua a limitar a indústria europeia do cânhamo. As deficiências estruturais diminuem a contribuição potencial da Europa para o ressurgimento global do cânhamo. Os negócios e a posição da Europa enquanto líder no ressurgimento do cânhamo estão a esfumar-se a cada minuto. – KR, AV