Com o progresso tecnológico, as alianças são decisivas na agricultura do cânhamo

[SEGUNDO DE UMA SÉRIE]

Por Susan Barnhardt | SHEMP Yarn Co.

A quarta revolução industrial está a alterar todos os patamares da cadeia de valor agrícola – do agricultor ao processador, do fabricante ao cliente. Fatores como a tecnologia de rápido desenvolvimento, as alterações climáticas, o impulso para criar produtos e tecnologias ‘limpas’ e o pós-pandemia COVID-19, colocam a cadeia de valor do cânhamo industrial numa posição invejável para criar e apresentar soluções vantajosas para todos.

Segundo o Democracy at Work Institute, uma nova geração de agricultores está já a utilizar cooperativas para construir empresas agrícolas bem-sucedidas. Enquanto cooperativas de produtores, cada elemento tem e opera as suas próprias explorações, reunindo-se para criar empresas sustentáveis e financeiramente recompensadoras.

Estas cooperativas revitalizam a economia agrícola local. Muitas encaram com seriedade a abordagem ‘cultivar localmente, vender localmente’, criando produtos artesanais vendidos em mercearias e mercados agrícolas locais. Algumas trabalham também em escala, prevendo possibilidades mais amplas.

Os millennials conhecem o cânhamo

Com uma grande presença de millennials, esta nova geração de agricultores conhece a fundo a tecnologia, utilizando soluções sofisticadas para lidar com os desafios empresariais. Têm a mentalidade certa para atuar e expandir oportunidades de mercado através de alianças estratégicas, dentro da sua comunidade agrícola e também junto dos vendedores nas suas cadeias de fornecimento. Mais importante ainda, os jovens agricultores têm um grande conhecimento sobre o cânhamo industrial. Muitos identificaram e foram atraídos pelo cânhamo devido à possibilidade de esta planta ajudar a inverter as alterações climáticas.

Agregar vários stakeholders numa colaboração multifuncional garante melhores soluções para os problemas dos agricultores, identificando e desenvolvendo os dados de que necessitam. Esta colaboração garante eficiência; cria mercados; e ajuda a gerir a logística, os preços, o desempenho e muito mais.

A complexidade

Utilizemos um exemplo relativo à exploração de cânhamo. Pensemos numa solução destinada a melhorar as produções agrícolas. Os sensores recolhem informação sobre nutrientes e humidade no solo. Isto é combinado com previsões meteorológicas e dados climáticos gerais, apresentando-os aos agricultores nos seus smartphones, enquanto estes tomam decisões sobre irrigação, utilização de fertilizantes nas plantações e colheitas. Para isto, há múltiplos fornecedores, incluindo:

  • Genética
  • Produtores de sementes
  • Equipamento de testes
  • Vendedores de sensores
  • Drones
  • Fornecedores de ração
  • Empresas de pesticidas e fertilizantes
  • Um provedor de conectividade
  • Um provedor de serviços meteorológicos
  • Equipamento agrícola com serviços de gestão de dados

A utilização destas inovações está a melhorar as produções agrícolas, a diminuir custos e a reduzir o impacto ambiental. Mas pensemos no que seria lidar e tomar a decisão adequada para cada um destes fornecedores. Nenhum agricultor consegue reunir, gerir, desenvolver e utilizar todas as fontes de dados.

Os agricultores têm de produzir e os fornecedores precisam de simplificar-lhes o trabalho. O método tradicional “ligar e usar” não é o correto, mas sim a construção de novos modelos em conjunto com os fornecedores. A solução de sucesso reunirá os melhores produtos e serviços com base nos diferentes fatores que têm impacto nos agricultores, incluindo o clima, tipo de solo, abastecimento de água, localização – algo feito por múltiplas empresas e não apenas por uma.

Juntos são mais fortes

Esta colaboração deve ser estruturada numa avaliação objetivo dos pontos fortes dos agricultores de cânhamo, para depois decidir onde será melhor alavancar os pontos fortes dos parceiros externos. Mesmo que um agricultor tenha boas capacidades, precisa de ajuda para colocar os seus produtos no mercado. No mundo do cânhamo, isto é um desafio. Enquanto indústria emergente, as colaborações entre fornecedores fomentarão modelos de negócio inovadores baseados nos principais pontos fortes de cada fornecedor.

A monetização da sua quinta, através de uma cultura baseada na sustentabilidade, é uma das maiores oportunidades de lucro na agricultura atual. Para assegurar a sustentabilidade, necessitará de dados e análises válidas, colaboração, e inovação à moda antiga, caraterísticas que se estão a tornar fundamentais na indústria do cânhamo.

Por onde começar?

Por onde começar? Primeiro, é preciso estar consciente de que ser um agricultor de cânhamo é uma excelente ideia. Pronto. Depois, é necessário avaliar os pontos fortes e fracos. Terceiro, o agricultor terá de pesquisar fornecedores externos que preencham as necessidades para que tenha sucesso; quarto, definir uma agenda de investimento específica; e, quinto, utilizar o que já tem em mãos para criar alianças de sucesso com fornecedores que partilhem a mesma visão, o impacto que pretende alcançar, e com os quais tem confiança mútua.

Por último, é necessário um bom facilitador como braço direito, que esteja focado na tarefa de reunir os ativos individuais dos membros do grupo; que seja inteligente na área dos negócios e indústria; e que possa trabalhar tanto num quadro geral como de forma detalhada; e que contribua para uma visão partilhada de futuro.