Lançada iniciativa para consolidar a indústria global do cânhamo

Organizações de todo o mundo estão a juntar-se para criar uma associação internacional que defenda os interesses da indústria do cânhamo.

O novo organismo, ainda sem nome, trabalhará para estabelecer prioridades de desenvolvimento na indústria, representando oficialmente os stakeholders do cânhamo junto das agências intergovernamentais. O primeiro objetivo central é retirar o cânhamo e os seus extratos da Convenção Única das Nações Unidas de 1961 sobre Estupefacientes, segundo Daniel Kruse, Presidente da Associação Europeia do Cânhamo Industrial, e um dos proponentes desse esforço global.

O grupo pretende servir de interface para agências internacionais como a Organização Mundial de Saúde, o Comité de Estupefacientes da ONU; a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico; e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em questões relacionadas com o Codex Alimentarius dessa agência, as normas internacionalmente reconhecidas para a produção e segurança alimentar.

A associação também trabalhará em questões ambientais, representando a indústria do cânhamo no Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, parte do Programa das Nações Unidas para o Ambiente e a Organização Mundial de Meteorologia.

Defender o cânhamo

A nova organização “defenderá uma indústria de cânhamo diversificada e forte, que beneficie todos os stakeholders da cadeia de valor”, afirma um documento inicial onde a missão do grupo é postulada.

“A associação internacional pode estimular o envolvimento nas relações multilaterais, fazer avançar a agenda da indústria, criar programas estatísticos, parcerias, comércio e regulamentação global”, disse Kruse. “Irá melhorar a ligação no setor do cânhamo e beneficiar todas as partes, globais e nacionais”.

Muitas outras questões poderão ser abordadas pela nova associação, tendo em conta o potencial do cânhamo para mitigar as alterações climáticas e fazer avançar o desenvolvimento sustentável, disse Kruse.

‘Advogar, cocriar’

“Há uma necessidade constante de desenvolver uma nova organização internacional de cânhamo, que permitirá às indústrias de todo o mundo falar a uma única voz”, disse Ted Haney, Presidente & CEO da Canadian Hemp Trade Alliance, outra das principais entidades organizadoras. “A nova organização também criará um lugar onde os players da indústria do cânhamo podem cooperar, coordenar, partilhar informações, advogar e cocriar”.

Standards de produtos e processos, proteção de culturas, standards para os níveis máximos de resíduos químicos, standards para o registo de sementes, e standards internacionais para níveis máximos de THC para as flores de cânhamo e produtos acabados estão entre as muitas questões urgentes identificadas pela iniciativa.

O entusiasmo é elevado

Os membros fundadores globais falaram do seu entusiasmo pelo projeto.

“As organizações que pretendem constituir esta nova iniciativa global abrangem alguns dos profissionais mais experientes e reputados do setor”, disse Lorenzo Rolim da Silva, Presidente da Associação Latino-Americana do Cânhamo Industrial.

“O nosso objetivo é criar uma esfera onde o cânhamo faça parte integral de outras indústrias e da agricultura em todo o mundo”, disse Rolim da Silva.

“Estamos ansiosos por aderir a esta missão visionária, que permitirá consolidar e reforçar a cooperação para o desenvolvimento global da indústria do cânhamo”, disse Anar Artur da Associação Mongol do Cânhamo. “Os agricultores e fabricantes mongóis estão a demonstrar o seu interesse e a juntar-se à nossa associação local. Estão conscientes do futuro do cânhamo. Damos as boas-vindas aos empresários do cânhamo à Mongólia”.

Primeiros fundos angariados

Uma ronda de angariação de fundos entre as várias associações nacionais está já concluída e o grupo escolheu como facilitadora do projeto a Emerging Ag, uma boutique de comunicação e consultoria em assuntos públicos com sede em Manituba.

A Emerging Ag trabalha atualmente com organizações internacionais em questões de política global nos setores da agricultura, alimentação e saúde. A empresa funciona como secretariado da Rede Internacional Agroalimentar, que coordena a consultoria sobre recomendações políticas do Comité de Segurança Alimentar Mundial.

Haney afirmou que o grupo terá provavelmente a sua sede na Europa, permitindo um melhor acesso às agências intergovernamentais com as quais a nova associação acabará por ter relações formais. O grupo irá agora desenvolver uma estrutura governativa, orçamentos iniciais, estratégia, e um plano de trabalho futuro. A informação sobre o programa de adesão do grupo será em breve apresentada.

Kruse disse que a nova associação global está a considerar também a criação de uma associação técnica paralela, a qual publicaria uma revista internacional de investigação sobre cânhamo e uma rede de revisão por pares. Isso permitirá preencher uma lacuna cuja investigação atual sobre o cânhamo e os seus fins não é exaustiva.

Organizações representativas

O grupo de trabalho que faz parte do projeto inicial inclui representantes de:

Aliança Comercial Canadiana do Cânhamo; Associação Mongol do Cânhamo; Associação Australiana do Cânhamo; Associação Europeia do Cânhamo Industrial; Associação do Cânhamo Industrial Hokkaido; Aliança Chinesa de Cânhamo; Associação Latino-Americana de Cânhamo Industrial; Amigos do Cânhamo (África Do Sul); Câmara Paraguai do Cânhamo Industrial (Ccip); Associação do Cânhamo Uttarakhand (Índia); E a Associação Indiana do Cânhamo Industrial.

Dos EUA: Associação Comercial Americana de Canábis e Cânhamo; Associação dos Produtores de Cânhamo do Texas; Associação do Cânhamo do Oregon; Associação Nacional do Cânhamo; Associação das Indústrias do Cânhamo; Conselho Nacional do Cânhamo Industrial; Associação do Cânhamo do Kentucky; Coligação do Cânhamo Alimentar.