Linhas de produtos multiplicam-se em canabinóides menores e novas fórmulas de CBD

À medida que os principais produtores de CBD continuam a adicionar canabinóides menores aos seus portfólios, muitos estão também a juntar ingredientes funcionais ao CBD para sublinhar os propalados benefícios de saúde normalmente associados ao composto, segundo uma nova análise da Brightfield Group.

O crescimento das linhas CBN e CBG, que começou no segundo semestre de 2020, continua em ascensão, pois “o CBN cimentou a sua posição como elemento capaz de melhorar a qualidade do sono, enquanto o principal atrativo do CBG é a sua ‘novidade’ no mercado”, disse a Brightfield no seu Relatório Semestral de 2021 sobre CBD nos EUA.

A mistura de ingredientes funcionais aprovados em produtos de CBD permite aos produtores fazer alegações também aplicáveis ao CBD sem sugerir que o composto tem esses efeitos na saúde. “Uma marca não pode dizer que o CBD ajuda a dormir melhor; mas pode dizer que melatonina combinada com CBD ajuda a dormir melhor”, observou a Brightfield.

‘Indústria ou ingrediente’?

As marcas de CBD estão a combinar CBD com ingredientes de produtos de bem-estar comuns, como cogumelos, botânicos e adaptogénicos, criando fórmulas para suplementos alimentares; os fabricantes de produtos de beleza estão também a produzir variações que combinam CBD com ingredientes conhecidos para o tratamento da pele, observou a Brightfield.

“Estes aditivos tornam ainda mais ténue a linha que estabelece o CBD como indústria ou ingrediente”, observa a análise. “Neste contexto, os novos consumidores de CBD poderão vir a encarar os canabinóides não-psicoativos como qualquer outro ingrediente de bem-estar de base vegetal”.

Quando as regras para o CBD forem definidas, é provável que o composto seja principalmente usado como ingrediente nas indústrias da canábis e do bem-estar, disse a Brightfield. A entidade responsável pela investigação observou que o setor CBD nos EUA tem atraído a atenção dos principais produtores canadianos de canábis, que procuram diversificar os seus portfólios.

1000 marcas desapareceram

Em maio, a Brightfield informou que o número de marcas de CBD nos EUA está a diminuir à medida que os fracassos e as fusões crescem. A Brightfield estimou que 1000 marcas de CBD desapareceram nos 12 meses anteriores, culpando a disrupção provocada pelo coronavírus, que levou ao fecho de lojas, à mudança nas prioridades dos consumidores e a cortes nos preços.

Mas a Brightfield espera que as vendas de CBD aumentem 15% este ano, ascendendo aos 5.5 mil milhões de dólares, impulsionadas pelo forte crescimento dos produtos ingeríveis, cosméticos e bebidas infundidas em CBD. O setor das bebidas CBD deverá crescer 71% em 2021; as vendas de gomas estão num ritmo de crescimento de 44%, segundo a Brightfield.

Faltam ainda regras

No geral, a indústria deverá manter-se robusta – apesar de “as descobertas relacionadas com CBD estarem estagnadas e ainda não existir uma entidade reguladora federal para os produtos ingeríveis” – a entidade investigadora estima que o mercado de CBD nos EUA atingirá os 16 mil milhões de dólares em 2026. Isto está muito longe da estimativa da Brightfield em 2015, quando previa que o mercado atingiria 22 mil milhões de dólares até 2022.

Segundo a Brightfield, as vendas a retalho em loja abrandaram no ano passado e o crescimento do CBD passou a ser impulsionado pelo e-commerce. Os investimentos publicitários dedicaram-se maioritariamente às vendas online. As marcas de alto perfil e aquelas já fortes em vendas eletrónicas foram as que beneficiaram deste ambiente instável, disse a Brightfield, antevendo que as vendas online passarão de $2 mil milhões este ano para 38% do total de vendas.

Os mais pequenos sofrem

Os mais pequenos sofreram: “Tornou-se cada vez mais difícil para as marcas mais pequenas de CBD entrar no espaço e descortinar oportunidades de crescimento, dada a elevada competição no mercado”, aponta a análise semestral ao setor por parte da Brightfield.

O relatório de maio havia registado que, embora as empresas e marcas mais pequenas tenham tombado, muitos dos nomes mias importantes foram também dizimados. Entre os fracassos, estão as renomadas GenCanna, Pyxus International, Myaderm, United Cannabis Corp. e Atalo Holdings, enquanto outras marcas bem conhecidas e pequenas boutiques avançaram para fusões ou foram compradas por concorrentes mais fortes.

“O número de marcas tornou-se insustentável durante a pandemia e as que não puderam competir foram forçadas a sair do mercado”, disse a Brightfield.

Outros indicadores

Outras observações importantes do relatório do semestral da Brightfield:

  • Os millennials e membros da Geração X representam 71% dos utilizadores da CBD e, em ambos os grupos, o boca-a-boca é a principal alavanca publicitária em prol do CBD.
  • Os médicos, televisão ou anúncios impressos são as fontes de informação sobre CBD para a Geração X; já os Millennials encontram mais dados sobre CBD principalmente nas redes sociais, nas pesquisas em loja ou através dum budtender.
  • As marcas de CBD deverão continuar a expandir a sua oferta de produtos para aumentar o potencial de crescimento dentro e fora dos produtos e canais de CBD.