Rusga em Portugal atribuída a decisões tardias sobre autorizações

Foto: Zapylaiev Kostiantyn

Os ativistas portugueses do cânhamo estão a reunir-se à volta do caso de um produtor de cânhamo que foi recentemente detido pela polícia por suspeita de tráfico de droga.

A CannaCasa, a associação portuguesa do cânhamo, condenou a ação policial e criticou a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) pelos atrasos na concessão de autorizações de cultivo de cânhamo o que tem colocado os agricultores em risco.

A vítima, um produtor de cânhamo de longa data em Portugal, foi recentemente alvo de rusga por agentes da Guarda Nacional Republicana (GNR) no município de Estremoz. Os agentes da guarda militar apreenderam mais de 450 plantas de cânhamo, “cerca de 124 quilos de plantas secas e embaladas, 24 quilos de sementes de várias espécies de canábis e cerca de 500 embalagens”, informou a GNR. O telemóvel e o computador do agricultor foram igualmente confiscados durante a rusga.

Autorizações atrasadas

O incidente é típico de uma situação em que a DGAV não forneceu autorizações de cultivo de cânhamo até ao início deste mês, altura em que assinou 20 das 60 solicitações apresentadas. Tal significou que muitos agricultores portugueses que cultivavam cânhamo para fibras e sementes falharam a janela de plantação de 2021.

“É um mau dia para a indústria”, disse João Costa, Presidente da CannaCasa, a associação industrial portuguesa do cânhamo. ” Deparamo-nos com outra situação que poderia ter sido evitada”.

“Tudo o que podemos fazer é criticar esta situação e manifestar a nossa tristeza e solidariedade para com o nosso associado”, disse Costa sobre o membro da CannaCasa que foi alvo da rusga. Segundo a CannaCasa, o agricultor estava entre os que anteriormente se reuniram em frente da DGAV para expressar as suas preocupações sobre os danos causados pela agência que não autorizava colheitas anuais a tempo da época de sementeira.

‘Loucura’

“Isto é algo que a indústria portuguesa do cânhamo não merece depois de todos estes anos a trabalhar para desenvolver uma indústria que seja aprovada e legal na Europa. É simplesmente uma loucura”, disse Costa.

Costa disse que a sua associação tentou repetidamente obter esclarecimentos sobre o cânhamo da DGAV à luz das mudanças trazidas por um processo do Tribunal de Justiça Europeu no ano passado com questões resolvidas sobre a legalidade da CBD. A CannaCasa disponibilizou-se por diversas vezes para discussões com a agência mas em vão, afirmou.