THC incorretamente rotulado como CBD despoleta 7 processos judiciais contra gigante americana da canábis

A empresa Curaleaf Holdings Inc., com sede em Massachusetts, enfrenta sete processos federais por produtos que os compradores afirmam estar na origem de potenciais problemas de saúde. Os casos foram levados avante por consumidores que ingeriram THC contido em produtos erradamente rotulados como gotas de CBD da marca Select da Curaleaf.

Os queixosos, cujos casos foram apresentados pelo mesmo advogado no Tribunal Distrital de Oregon, EUA, afirmam ter sentido sintomas desagradáveis após a ingestão das gotas. Cada lesado procura obter uma compensação financeira de até 1% do património líquido da Curaleaf – cerca de $100 milhões com base num relatório do início deste ano, onde a empresa estimou o seu capital de mercado em mais de $10 mil milhões.

‘Erro humano’

Curaleaf disse que um ‘erro humano involuntário’ levou à produção de um lote de gotas de CDB que eram na verdade gotas de THC e vice-versa. A empresa afirmou ter cooperado com os reguladores do Oregon para retirar de comercialização os lotes conspurcados. Acrescenta ainda que, neste momento, estão a ser revistos os processos produtivos para evitar problemas semelhantes no futuro.

Aproximadamente 500 garrafas, rotuladas como gotas de CBD, mas com níveis elevados de THC, foram vendidas antes da sua retirada do mercado; segundo a empresa, foram também vendidas 630 garrafas rotuladas como gotas de THC, mas cujo conteúdo era afinal CBD. Alguns clientes que ingeriram gotas das embalagens rotuladas como CBD podem ter tomado por engano mais de 30 miligramas de THC.

As queixas

Eis alguns dos efeitos adversos relatados pelos queixosos nas ações judiciais:

  • Michael Lopez, de 79 anos e residente do estado do Idaho, afirma ter recorrido às urgências hospitalares e ter sido submetido a uma operação desnecessária depois de os médicos, acreditando que estava a sofrer um AVC, terem feito um procedimento cirúrgico para remover um hematoma potencialmente infetado na perna.
  • Também do estado do Idaho, Jason Crawforth afirmou, na sua ação judicial apresentada em setembro, que deu entrada nas urgências. Sentiu-se incapacidade conduzir após tomar o produto contaminado. Disse também ter sofrido de ansiedade, psicose aguda, desconforto e angústia.
  • Kathleen Menard, do Oregon, afirmou ter sofrido “alucinações indesejadas, confusão, stress, ansiedade, psicose, desconforto e angústia que duraram mais de 24 horas”. Também avançou com um processo em setembro. 
  • Ayuba Agbonkhese, igualmente do Origon, cujo processo é mais recente, disse ter recorrido a “intervenção médica nas urgências, sofrendo consequências negativas, incluindo a crença de que iria morrer, tremores, coração acelerado, psicose, desconforto e angústia, e interferência nas atividades do quotidiano”. O seu processo foi submetido a 19 de Novembro.

Todos os sete casos foram avançados pelo advogado de Portland Michael Fuller.

Gigante da Canábis

As entidades oficiais do Oregon permitiram à Curaleaf continuar as suas normais operações comerciais no estado, enquanto a Comissão de Licores e Canábis do Oregon investiga o sucedido.

No início deste ano, a Curaleaf informou estar a vender canábis a uma taxa de mil milhões de dólares por ano. A empresa é uma das maiores operadoras de canábis interestaduais dos EUA, com mais de 100 dispensários de retalho e cerca de 2000 parceiros grossistas.

As ações da Curaleaf no mercado de produtos sem receita da Bolsa de Valores Canadiana. A empresa é detida em 30% pelo empresário russo-americano Boris Jordan, participação essa estimada em $1.6 mil milhões.