Fabricante canadiana de decorticação móvel aposta em clientes neozelandeses e sul-africanos

A CannaSystems Canada Inc., sediada em Toronto, está a disponibilizar o seu sistema de decorticação de cânhamo R-2 a 10 clientes no âmbito de um programa colaborativo destinado a melhorar a tecnologia, enquanto cimenta relações de proximidade com parceiros-chave.

Dave Greer, Vice-Presidente de Vendas, afirmou que a empresa já assinou acordos com clientes na Nova Zelândia e África do Sul para o R-2, tecnologia inovadora que pode ser instalada numa quinta ou trailer preparado para a operação semi-móvel. Os acordos são feitos através do programa “Alliance” da CannaSystems, que oferece preços especiais – e atenção particular – aos clientes que se qualificam.

Ponto ideal no mercado

Com um preço de $330,000, e uma capacidade de processamento de 2 toneladas por hora, o R-2 atinge um ponto ideal no mercado da tecnologia de decorticação em larga escala, que atualmente tem poucas opções acessíveis para a gestão de cargas à escala industrial.

“A maioria das máquinas de decorticação no mercado – e são relativamente poucas – custam milhões de dólares. Embora algumas soluções de pequena escala já tenham sido desenvolvidas, o interesse cada vez maior na produção de fibras de cânhamo significa que a escalabilidade futura é decisiva”, disse Greer. O R-2 oferece a flexibilidade necessária para a expansão das operações de processamento, entre outras coisas.

A CannaSystems cria, fabrica e vende equipamento para a produção de biomateriais industriais de cânhamo. Estes materiais podem depois ser transformados em vários produtos acabados – incluindo têxteis feitos com as fibras da planta, passando por bioplásticos, materiais de construção, grânulos de combustível, e biochar, uma das mais promissoras utilizações do núcleo interno (“hurd”) do caule de cânhamo.

Fibras de 121 centímetros

É importante ter em conta que a produção de fibras do R-2 pode criar fibras com um comprimento até 121 centímetros, uma vantagem em qualquer fase de processamento secundário. “É uma vantagem decisiva. Afinal, quando analisamos os setores que utilizam fibras de cânhamo, os standards de comprimento e outros recursos continuam ainda a ser desenvolvidos”, disse Greer. “Estas fibras de 121 centímetros podem ser cortadas à medida, dependendo dos requisitos do cliente”.

O sistema R-2 faz parte dum contentor marítimo “high cube” de 12 metros, uma unidade com todas as funções críticas: potência, input, processamento, rendimento, sistema contra incêndios, controlo de poeiras e manuseamento de resíduos. A unidade autónoma e semi-portátil pode funcionar a diesel ao ar livre. As instalações permanentes exigem apenas uma placa de cimento e eletricidade industrial.

Parcerias Alliance

Para maximizar a operação do R-2, Greer afirmou que a CannaSystems acompanhará as suas unidades após a expedição e trabalhará de perto com os clientes no âmbito do seu programa Alliance, monitorizando as suas experiências e o desempenho das máquinas. Os contributos destes parceiros iniciais serão utilizados para eventuais aperfeiçoamentos à máquina. Todos os upgrades serão facultados sem custos para os membros Alliance.

“Fizemos testes intensivos ao nosso protótipo e descobrimos que funciona muito bem”, disse Greer. “Mas haverá situações imprevistas, pois não podemos testar cada variedade de semente ou cada processo de plantio ou colheita”.

Os membros Alliance também recebem descontos de 30% nas suas compras, pagando apenas $225,000, e terão acesso permanente a preços de revendedor para quaisquer compras futuras. “Isto coloca automaticamente os nossos membros Alliance numa boa posição para serem parceiros na nossa expansão global”, disse Greer.

Agregar a Propriedade Intelectual

O design do descorticador R-2, que foi investigado e desenvolvido durante seis anos, baseia-se parcialmente em máquinas de processamento construídas para outras culturas, como banana, ananás, sisal e palma. O design engloba também patentes para a tecnologia de processamento de cânhamo de meados do século XX, que foram atualizados com o moderno design CAD e especificações materiais.

“Os progressos nos últimos 70 anos são significativos em relação ao equipamento agrícola para lidar com as culturas de cânhamo”, disse Greer. A CannaSystems tem explorado esses avanços através das patentes existentes, ao mesmo tempo que desenvolve a propriedade intelectual interna para novos processos de fabrico e “verdes” para mercados-chave.

No ano passado, a empresa construiu protótipos e cabeças de máquina à escala real, montando e testando um sistema R-2 completo à escala real. Após uma ronda de upgrades e a adição de um desenrolador de fardos integrado, o R-2 chegou à fase de produção comercial, e estará totalmente funcional no momento da entrega, disse Greer.

Atingir a ‘massa crítica’

Em 2015, a CannaSystems foi fundada pelo veterano da indústria da cannabis Bruce Ryan, fundador, e Ron Larson, CFO, um executivo financeiro corporativo que trabalhou na PriceWaterhouse e ManuLife, e ocupou o cargo de CFO da comercialização de foguetões da X-Prize e NASA.

A empresa tem apostado no autofinanciamento nos seis anos de investigação e desenvolvimento. Greer afirmou que as tentativas iniciais de angariar pequenas quantidades de capital de arranque não tiveram sucesso. Enquanto a empresa está em conversações com potenciais investidores e perspetiva conseguir parceiros qualificados, a CannaSystems atingiu já uma “massa crítica”, disse Greer, tendo em conta a prontidão da tecnologia e os mercados ávidos e estruturados de fibras e hurd. Ou seja, a CannaSystems continuará a desenvolver-se à medida que a cultura e a produção de cânhamo cresce em todo o mundo.