Uma equipa italiana de engenharia está a testar tecido à base de cânhamo em várias peças da carroçaria de um carro experimental de competição.
A fabricante têxtil Fibertech Group, SRL; Linificio e Canapificio Nazionale SPA, uma produtora de linhos e fios; e a fornecedor de autopeças Bercella SRL juntaram-se para construir as peças para o M1RA, um carro de turismo que estreou no Puro ETCR, circuito recentemente criado para carros elétricos de alta potência.
A equipa está a usar fibras de carbono para conceber e construir a primeira versão da carroçaria, com algumas peças feitas com MJ 404/100, o tecido “Turkish Raso Hemp” desenvolvido pelas três empresas. A sustentabilidade, peso leve, elasticidade e resistência do material tornam-no superior à fibra de vidro e comparável à fibra de carbono, segundo os construtores.
Uma corrida pela inovação
Uma corrida pela inovação
Imagem detalhada do tecido de cânhamo na carroçaria do M1RA
O M1RA, que tem por base o Alfa Romeo Giulia e uma potência de 500Kw (680 CV), é uma criação da Romeo Ferraris, experiente construtora italiana de carros customizados para competição.
“A utilização de fibra de cânhamo em alguns componentes da carroçaria comprova a nossa procura constante por melhorias e inovações no projeto ETCR Giulia”, disse Michela Cerruti da Romeo Ferraris. Cerruti afirmou que o carro de competição consubstancia o potencial do cânhamo enquanto componente para veículos comerciais e para aplicações de ponta noutras indústrias, ao mesmo tempo que representa “uma contribuição concreta para a sustentabilidade ecológica”.
Os engenheiros que trabalham com tecido de cânhamo dizem que este poderá ser a base para uma alternativa menos dispendiosa à fibra de vidro. Mas a procura industrial por parte dos fabricantes de automóveis só poderá crescer quando estes produtos estiverem amplamente disponíveis e puderem ser produzidos rapidamente, disseram os fabricantes de automóveis.
Cânhamo nos automóveis
Célebres utilizações do cânhamo industrial na indústria automóvel:
• O cânhamo entrou pela primeira vez nas corridas de automóveis em 2019, quando a Porsche incluiu peças de carroçaria de cânhamo e linho no seu 718 Cayman GT4 Clubsport.
• A Renew Sports Car, sediada na Flórida, que fabrica veículos com “Pegada de Carbono Ultrabaixa”, disse ter desenvolvido uma carroçaria feita com um composto 100% em cânhamo.
• Apresentado em 2013, o i3, o primeiro carro elétrico da BMW, incluiu peças interiores feitas em cânhamo que reduziram o peso do carro em até 350 quilos. Audi, Mercedes, Chrysler e Volkswagen também começaram a utilizar em 2013 material à base de cânhamo para peças interiores de automóveis.
• A Canada Motive apresentou já em 2010 o Kestrel, carro elétrico com uma carroçaria de resina de polímero e fibra de cânhamo.
• A Aptera Motors, de San Diego, está a desenvolver um veículo movido a energia solar que utiliza compósitos ultraleves onde o cânhamo está incluído.
Reportagem da Canapa Industriale