Fibras e sementes europeias são promissoras; principais derivados perto dos valores mais baixos

Os preços e volumes dos principais derivados de cânhamo devem em breve atingir os valores mais baixos para depois começar a subir no próximo ano, de acordo com a Canxchange, a plataforma de comercialização de mercadorias sediada em Londres.

Enquanto isso, o aumento das vendas de fibras de cânhamo para utilizações industriais e o potencial das sementes de cânhamo no setor alimentar podem fortalecer a indústria no seu conjunto, disse Rory Dyer, Diretor de Vendas da Canxchange, na reunião mensal da British Hemp Association (BHA), na quinta-feira.

Dyer afirmou que a investigação da Canxchange, realizada junto dos produtores, indica que a área total dedicada às flores de cânhamo diminuiu significativamente este ano, uma vez que os produtores europeus foram pressionados por importações baratas de isolados, destilados e óleos originários dos Estados Unidos, onde o custo de produção é muito mais baixo.

‘Ano complicado’

“Tem sido um ano difícil no que diz respeito aos preços”, disse Dyer. “Mas, nos últimos três meses, temos testemunhado uma crescente atividade transacional. Agora que o choque da pandemia passou, as pessoas estão a comprar e a vender”.

A Canxchange constata um aumento da procura por sementes alimentares de cânhamo em virtude da crescente popularidade dos “superalimentos”. “Fazemos inquéritos semanais junto dos fabricantes de alimentos”, disse Dyer. De igual modo, a procura por fibras de cânhamo para utilizações industriais mantém-se consistente, à medida que a tendência para soluções “mais verdes” cresce, particularmente na indústria da construção, disse Dyer.

O mesmo Dyer salientou que a produção de cânhamo para alimentos e fibras só pode ser viável com o desenvolvimento das cadeias e mercados de abastecimento locais, devido à relação baixo valor e alto custo do produto/transporte dos outputs. Mas os clientes preferirão sempre comprar mais perto de casa, disse Dyer.

Oportunidades locais

O cofundador da Canxchange e COO, George Popov, disse à BHA que a compilação destes fatores assinala uma clara oportunidade de desenvolver cadeias de valor localizadas. “Há oportunidades de especialização naquilo que é único e de valor acrescentado na economia local circular” – com vantagens ambientais acrescidas, declarou.

Dyer disse que o mercado de produtos para o cânhamo industrial continua a ser “opaco”, um desafio que a Canxchange está a encarar de frente através de serviços comerciais, logísticos e de informação, destinados a fazer a ponte entre agricultores/produtores de confiança e compradores genuínos à escala industrial.

O cenário clarifica-se paulatinamente

À medida que o comércio cresce, as anomalias essenciais, que agora caraterizam o mercado, começarão a desaparecer, disse Dyer. “Vemos muitas vezes empresas situadas perto umas das outras que oferecem produtos semelhantes, mas com diferenças de preços entre 30% a 40%”, referiu Dyer. Mas a Canxchange tem verificado que esses preços convergem lentamente ao longo do tempo, à medida que o mercado se vai tornando mais transparente.

Antevendo “uma espera de dois a três anos antes que o mercado se organize verdadeiramente”, Dyer disse que o trading eletrónico será fundamental para o amadurecimento. Como todos os outros mercados, o comércio de produtos de cânhamo processar-se-á principalmente na internet, disse Dyer. “Tudo acaba lá, quer queiramos quer não”, observou ele, indicando que a pandemia de coronavírus está a acelerar o processo de digitalização.