Limitar a produção de cânhamo diminui as possibilidades de sobrevivência de todos os tipos de vida

Por Paul J. von Hartmann

A legislação que limita o cânhamo industrial no Oregon ou em qualquer parte do mundo é uma vitória para os combustíveis fósseis, para a energia nuclear e para o complexo militar-industrial. Estes erros irão levar-nos à inevitável extinção global. 

A humanidade está a ficar sem tempo para fazer qualquer diferença significativa na regeneração da atmosfera terrestre. A má gestão política no Oregon e noutros locais não poderia ser mais ignorante quanto ao significado do cânhamo como “recurso estratégico” criticamente reconhecido e identificado em ordens executivas assinadas por sete presidentes americanos. Como é óbvio, se o cânhamo é um “recurso estratégico” nos EUA, então é estratégico para todas as nações.

A “procura militar e civil essencial” é um protocolo preparativo federal de preparação para emergências, o qual necessita de ser globalizado. As Ordens Executivas 12919 e 13603 (Clinton, Obama) reconhecem a “procura essencial” de “recursos estratégicos” como parte de uma resposta militar e civil coordenada à segurança nacional e às ameaças à segurança global. As alterações climáticas afetam ambos.

‘Proibicionista’

A “procura militar e civil essencial” pela “semente portadora de ervas” “estratégica” “de primeira necessidade para a riqueza e proteção do país” e do planeta é necessária para superar uma abordagem proibicionista, centrada na angariação de receitas para a aplicação da lei, ao mesmo tempo que bloqueia serviços ambientais essenciais exclusivos à canábis.

________________________________________

Qualquer regulamentação ou legislação que limite a produção de cânhamo, em vez de estimular e encorajar, é contraproducente para a regeneração do equilíbrio ambiental da Terra.

________________________________________

A forma mais eficaz de eliminar o empreendimento criminoso na indústria da canábis é pôr fim à escassez imposta pelo governo, a qual está a alimentar o mercado negro. A produção de cânhamo industrial para sementes em cada quinta e em cada jardim doméstico tornará impossível o cultivo de flores sem sementes ao ar livre a uma escala industrial. O preço da flor sinsemilla aumentará para os cultivadores capazes de programar eficazmente a sua colheita e/ou filtrar o pólen. O mercado para flores com sementes irá desenvolver-se e a aplicação da lei pode dedicar-se à manutenção da paz em vez de destruir culturas estratégicas sem qualquer justificação.

A polinização aberta do cânhamo é extremamente importante para os sistemas naturais, incluindo abelhas e morcegos. Neste momento, ambos estão a sofrer um colapso populacional. 

Escassez legislativa

A humanidade ultrapassa em muito a sua autoridade legítima ao legislar sobre a escassez de um recurso natural singular e essencial, do qual outras espécies também dependem para a sua saúde, evolução e sobrevivência. 

A ineficiência homocêntrica do tempo e dos recursos num planeta moribundo é tão obscena quanto trágica. A ausência de lógica é total. A manipulação do chamado “mercado livre” é despudorada, gritante e dolorosa. Os nossos filhos pagarão por não termos dado prioridade à ameaça da radiação UV-B em detrimento da histeria fraudulenta que envolve o THC e outros canabinoides endógenos-benéficos.

Em primeiro lugar, quem não cultiva cânhamo para produzir sementes para consumo alimentar vive uma insegurança alimentar. Independentemente das coisas de que dependamos para uma nutrição completa, essas podem ou não crescer daqui a dez anos. Ou daqui a três. 

Falhas em cascata nos sistemas

As condições da radiação UV-B, as temperaturas globais, os padrões climáticos, as cadeias globais de abastecimento, e a ordem social humana estão a deteriorar-se em “falhas em cascata nos sistemas” e “eventos não-lineares de extinção”, algo de que temos sido avisados há anos pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas. Está iminente um colapso sistémico irreversível, e os seres humanos continuam a limitar a produção da única cultura capaz de regenerar a atmosfera, o solo, a água, o ar e a vida selvagem da Terra. 

Aumentam as zonas mortas no oceano. As populações de “espécies indicadoras” têm vindo a cair há décadas, mas as pessoas continuam distraídas, hipnotizadas, desinformadas e induzidas em erro por instituições corruptas que manipulam os principais meios de comunicação, utilizando o medo para levar as pessoas a “obedecer”. Obedecer é perder!

Responsabilidade moral

“O poder não concede nada sem uma exigência. Nunca o fez e nunca o fará”. ~ Frederick Douglass, homem livre & abolicionista, 1857

A canábis é a única cultura que permite uma nutrição completa e uma energia limpa a partir da mesma colheita orgânica. Ou seja, o cultivo da nossa energia pode melhorar a segurança alimentar e a nutrição. Este facto exalta o direito ao cultivo da canábis, indo além da responsabilidade moral de qualquer tribunal. 

Qualquer regulamentação ou legislação que limite a produção de cânhamo, em vez de a promover e encorajar, é contraproducente para a regeneração do equilíbrio ambiental da Terra, e diminui as hipóteses de sobrevivência para toda a vida neste planeta.

Equação de sobrevivência

A intensidade e frequência elevadas da extrema radiação solar UV-B que atinge a superfície do planeta está a aumentar a solubilidade do mercúrio, arsénio e compostos de selénio provenientes de uma solução aquosa. A toxicidade global da hidrologia da Terra já começou. A supressão imunitária, a divisão celular anormal, a mutação genética, a redução das colheitas, o aumento da degeneração de materiais, a cauterização da microbiologia do solo e a desidratação deste são apenas alguns dos sintomas do desequilíbrio sistémico resultante do aumento do “UV-Broiling”.

O tempo é o fator limitativo nesta equação de sobrevivência. A canábis é a interface funcional entre a humanidade e a Ordem Natural. O tempo necessário para a humanidade compreender o porquê de isto ser verdade determinará a qualidade de vida na Terra para os filhos de cada um de nós.