Estudo australiano confirma potencial do cânhamo como alimento para ovelhas

As ovelhas alimentadas com granulados de cânhamo registaram ganhos produtivos, confirmando o seu potencial enquanto opção alimentícia de verão, com alto rendimento e polivalência para o gado. A certeza é averbada por um estudo feito no estado da Austrália Ocidental.

O estudo piloto, intitulado “Abrir as portas ao gado alimentado com cânhamo na Austrália”, foi levado a cabo pelo Departamento das Indústrias Primárias e do Desenvolvimento Regional (DPIRD) do estado.

“O resultado mais marcante foi o aumento de ácidos gordos voláteis menores, o que indica uma maior energia e uma alteração da população microbiana intestinal, que pode ser responsável pela melhoria da digestibilidade dos animais”, disse Bronwyn Blake, líder da equipa de investigação.

Alta digestibilidade

Segundo os investigadores, os resultados revelaram que a digestibilidade da matéria seca e orgânica foi mais elevada em ambas as dietas com cânhamo em comparação com um grupo de controlo, embora não seja claro o porquê.

Quinze carneiros Merino em Nova Gales do Sul foram alimentados com granulado de cânhamo feito a partir da variedade de cânhamo Morpeth Late, cultivada na Austrália Ocidental. As dietas usaram granulados de 8 milímetros fabricados por uma empresa de ração de gado da Austrália Ocidental, que tem licenciamento para processar cânhamo. As ovelhas foram alimentadas com três dietas e cinco réplicas por cada alimentação, tendo sido medida a digestibilidade, o desempenho e as características de desenvolvimento durante 56 dias.

A questão do THC

O estudo revelou THC visível em todos os tecidos medidos. Embora os níveis fossem extremamente baixos, não cumpririam os requisitos regulamentares australianos. Mas Blake afirmou que os resultados sugerem a possibilidade de desenvolvimento de práticas de gestão para a alimentação de biomassa de cânhamo a ovinos, caprinos e bovinos, satisfazendo as regras de alimentação animal. Nenhum resíduo de THC pode estar nos alimentos destinados ao gado na Austrália, exceto em ensaios de investigação aprovados.

Os resultados da investigação conduzirão a um estudo de segunda fase, que explorará o valor nutricional e o cumprimento dos regulamentos de mercado para o cânhamo enquanto possível cultura forrageira. Esta investigação adicional também se debruçará sobre os caminhos para o mercado do cânhamo destinado à alimentação do gado, incluindo as taxas de autorização de THC.

O estudo-piloto do DPIRD foi financiado pela AgriFutures Australia, em colaboração com a ChemCentre e a Charles Sturt University.