[PRIMEIRO DE UMA SÉRIE]
Por Susan Barnhardt | SHEMP Yarn Co.
A indústria do cânhamo é principalmente constituída por pequenas e médias empresas. É por isso essencial a colaboração entre as várias partes. Ao estabelecer tais alianças, as empresas inovadoras podem desenvolver uma vantagem que as deixará numa posição favorável, à medida que a indústria se torna mais sofisticada e competitiva.
O modelo multi-stakeholder não é uma parceria. O termo parceria acarreta várias implicações legais que estabelecem compromissos vinculativos entre as partes; as parcerias também podem implicar conexão de capital entre elas. Uma aliança também não é idêntica à tradicional relação vendedor-fornecedor.
A união faz a força
As alianças multi-stakeholder são iniciativas colaborativas entre empresas que partilham bens complementares e que atuam sem acordos legais limitativos. São criadas para aumentar o valor ou a vantagem competitiva, algo difícil de alcançar individualmente.
Embora estas alianças não se traduzam em parcerias formais, baseiam-se fundamentalmente num memorando de entendimento detalhado (MOU) e em contratos simples, sempre que estes sejam necessários para definir atividades e transações específicas na aliança.
As alianças multi-stakeholder podem ser estratégicas e de longo prazo, ou táticas com um objetivo único. As alianças estratégicas procuram ganhar vantagem competitiva e firmar uma plataforma sólida para o futuro; exigem um investimento significativo em tempo, energia e recursos, além duma abordagem rigorosa e sistemática. Podem também ter consequências em caso de insucesso. As alianças táticas não exigem tanto tempo (ou risco), mas exigem ainda uma abordagem detalhada em relação à definição e gestão de objetivos. A junção de projetos táticos em primeiro lugar é uma boa forma de avaliar o valor estratégico potencial a longo prazo de um aliado.
Valores partilhados no cânhamo
Honestidade, confiança e valores partilhados são os alicerces de qualquer aliança bem-sucedida entre multi-stakeholders. Na indústria do cânhamo, existe um elevado quociente de “responsabilidade social”. Ter em consideração a sustentabilidade e as questões climáticas constitui um pré-requisito para a cooperação entre muitas empresas – e a consciência partilhada destas questões é talvez o melhor indicador do que a indústria pode fazer e ser. A conexão emocional a estes objetivos partilhados ajudará a alcançar um ROI económico, cimentando uma relação construtiva.
Quando a visão e a confiança são estabelecidas, devem ser definidos objetivos e metas, e os papéis têm de ser distribuídos para avançar com o processo. Estabelecer diretrizes e regras de compromisso organizacional, comunicações, planeamento e calendarização são alguns dos desafios de gestão na aliança. Uma aliança de sucesso composta por multi-stakeholders também:
● Definirá claramente os pontos fortes e fracos de todos os seus membros.
● Apresentará melhores soluções para os desafios operacionais diários.
● Apresentará soluções para os desafios e desejos enfrentados pelos clientes, sejam eles agricultores, fornecedores (B2B) ou clientes finais (B2C).
● Resultará em valor real para o cliente final e para todos os parceiros da aliança
Resiliente e sustentável
Sim, criar uma aliança é algo complexo, que exige o empenho e o envolvimento ativo das equipas de gestão e operacionais. Mas, num contexto de hiper-competitividade, esta colaboração pode ajudar as empresas – especialmente pequenas e médias – a progredir em todas as áreas, da gestão financeira até ao estabelecimento da cadeia de fornecimento.
Com novas tecnologias, produtos e serviços a revolucionar permanentemente a indústria do cânhamo, surgem novas exigências e desafios dia após dia. Responder a esses desafios à velocidade, escala e âmbito necessários exige a colaboração entre os stakeholders certos. Ao firmar essas alianças, não só podemos fortalecer os nossos negócios individuais de cânhamo, como também ajudar a moldar uma indústria resistente e um mundo mais sustentável.